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           O            que é de facto o CLA  
           ( Acido linoléico conjugado )  
e como se            perde peso usando-o. 
                                 
  
CLA é um ácido graxo poliinsaturado            natural, encontrado em produtos lácteos (grande parte na gordura do            leite) e carne de ruminantes (bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos),            as quais representam as duas maiores fontes de CLA na alimentação dos            seres humanos. Pode-se encontrá-lo, também, em carne de cordeiro, na            vitela e em menor grau na carne de suíno, frango, peru e em algumas            fontes vegetais (JIANG et al, 1996; STEINHART, 1996; IP et al, 1999). 
 
Acido linoléico conjugado é um termo que descreve os isómeros            geométricos do ácido linoléico. Ele é formado no rúmen, como primeiro            intermediário da bio-hidrogenação do ácido linoléico, pela enzima            ácido linoléico isomerase, proveniente da bactéria anaeróbica ruminal            Butyrivibrio fibrisolvens. Portanto, uma explicação plausível em            relação à quantidade de CLA ser maior nos ruminantes é que a hidrólise            da gordura dentro do rúmen proporciona maior produção de ácido            linoléico. 
 
Esta substância tem sido associada à redução de gordura corporal,            aumento do metabolismo e ganho de massa muscular, porém suas            atribuições vão muito além. O ácido linoléico conjugado é indicado na            protecção contra o cancro, combate ao colesterol, controle da diabetes            além de ser considerado um excelente antioxidante (BAUMAN et al, 1998;            LIN et al, 1999 JENSEN et al, 1991). 
 
As indústrias de suplementos têm corroborado as vantagens do CLA,            aumentando assim a comercialização desse produto. Porém, a maioria dos            estudos que comprovam o aumento do metabolismo e consequente redução            da gordura corporal é feita em animais de laboratório. 
 
Redução de gordura corporal, aumento do metabolismo e ganho de massa            muscular  
 
Estudo feito por PARK et al (1997) analisou a composição corporal de            animais que foram suplementados com óleo de milho ou CLA. Os            resultados demonstraram redução de 57 a 60% de gordura corporal e            aumento de 5 a 14% de massa corporal magra no grupo que suplementou            com CLA. Em outro estudo, os pesquisadores acrescentaram CLA à dieta            desses animais, trazendo resultados surpreendentes: ao final de seis            semanas foi observado que o CLA proporcionou uma redução de 43 a 88%            do tecido adiposo (WEST et al., 1998). 
 
Em seres humanos, muitas pesquisas já foram feitas. Entretanto, os            resultados deixaram a desejar. Veja o exemplo do estudo publicado por            BLANKSON et al em dezembro de 2000 no qual, os autores analisaram o            efeito do CLA na redução da gordura em seres humanos obesos, usando            para avaliação corporal o dual-energy X-ray absorptiometry (DEXA).            Depois de 12 semanas o grupo que utilizou CLA (3,4 g/d) teve uma            redução significativa da gordura corporal, comparado com o grupo            placebo, porém não relataram alterações na massa corporal magra. Neste            estudo o CLA se mostrou eficiente para reduzir a gordura corporal em            seres humanos obesos. Os resultados parecem prometedores, porém a            amostra era relativamente pequena e isto, em ciência, pode ser            considerado um factor limitante em conclusões gerais. 
 
Os efeitos do ácido linoléico conjugado em seres humanos com obesidade            abdominal foram investigados durante 4 semanas, no qual 24 homens            obesos com síndrome metabólica fizeram parte da amostra. Catorze deles            receberam 4,2 g CLA/d e 10 receberam placebo. Ao término do estudo            verificou-se uma significativa redução no perímetro abdominal com a            suplementação de CLA, porém outras medidas antopométricas não            mostraram nenhuma diferença significativa entre os grupos. Os            resultados indicaram que a suplementação de CLA por 4 semanas em            homens obesos com síndrome metabólica pode diminuir a gordura            abdominal (RISERUS, 2001). Mas por que será que as outras medidas não            diminuíram?  
 
Já em indivíduos de peso normal que se exercitavam regularmente o CLA            não se mostrou eficaz na redução da gordura corporal (SEMEDMAN e            VESSBY, 2001). BLANKSON et al (2000) analisaram 66 indivíduos obesos            (com IMC acima de 25-35 kg/m2) divididos em 5 grupos: 1) placebo (9g            de óleo de oliva), 2) 1.7g de CLA, 3) 3.4g de CLA, 4) 5.1g de CLA e 5)            6.8 g de CLA. Ao final de 12 semanas, todos os grupos que receberam            CLA apresentaram redução significativa do percentual de gordura em            comparação com o grupo placebo e dentre os grupos que receberam CLA a            redução da gordura corporal foi significativamente maior nos grupos            que receberam 3,4 e 6,8 gramas por dia, sugerindo que doses diárias            acima de 3,4 gramas de CLA são desnecessárias. 
 
Acredita-se que a suplementação com CLA promova modificações na            membrana do tecido adiposo, alterando assim a expressão genica do            adipócito, através da diminuição da actividade da enzima stearoyl-CoA            desaturase (LEE, PARIZA, NTAMBI, 1998). Outra hipótese é que os            efeitos do CLA sobre a composição corporal podem estar relacionados à            redução do tecido adiposo pelo aumento da lipólise (PARK et al.,            1999). 
O consumo diário de CLA no homem ocidental é estimado em apenas 1 g,            embora esteja sendo recomendada a ingestão de 3,5 g de CLA/dia para um            homem adulto de 70 kg. Assim, a suplementação de CLA na dieta do ser            humano faz-se necessária para alcançar essa recomendação (IP et al.,            1994). 
 
Cancro 
 
O CLA está entre os compostos anticarcinogénicos que actuam reduzindo            a incidência de tumor e a inibição de células cancerígenas de            melanoma, cólon, próstata, pulmão, ovário e tecido mamário (WONG et            al., 1997; CESANO et al., 1998; IP et al., 1999). Alguns sugerem que o            acido linoléico talvez seja o mais potente anti-carcinogénico de            origem animal conhecido pelo homem, sendo seus efeitos considerados            pela National Academy of Science estadunidense como inequivocamente            comprovados. Algumas formas de CLA (c9, t11) não só previnem, mas            atacam as células tumorais já presentes no organismo, reduzindo            tumores previamente formados. 
 
Colesterol 
 
GAVINO et al em 2000, conduziram uma pesquisa com o objectivo de            avaliar os efeitos do CLA sobre o perfil lipídico sanguíneo de ratos            que recebiam uma dieta contendo colesterol e gordura hidrogenada do            coco mais 1% de CLA. Os resultados apresentaram menores níveis            sanguíneos de colesterol, triglicerídos e nenhuma alteração nos níveis            de HDL além de terem ganhado significativamente menos peso. 
 
Diabetes 
CLA pode retardar o início da diabete em ratos, além de ajudar o            controle do início da diabete em humanos BELURY et al (2003).  
 
Antioxidantes 
 
Vários estudos como o de IP et al (1991) e BANNI et al (1995) sugerem            que o CLA também pode actuar por mecanismos antioxidantes. 
 
Considerações finais 
 
As premissas acima nos levam a crer que mais uma substância é            associada a efeitos milagrosos, nos quais os resultados partem da            "simples" redução de gordura e vão até a cura de doenças como o            câncer. Os estudos são inúmeros, porém suas metodologias utilizam            amostras pequenas, quando feitas em humanos, e nos animais os            resultados são duvidosos, pois chegam a assustar de tão promissores. A            maioria das pesquisas foi patrocinada por empresas interessadas na            venda do produto, o que nos leva a desconfiar da veracidade dos tão            exorbitantes resultados aqui mostrados. Agora cabe à ciência fazer uma            investigação mais detalhada sobre esse ácido que aparece como " cura            para todos os males". Se realmente todas as evidencias forem            definitivamente comprovadas, teremos aqui um produto que será um            grande marco para a saúde humana. 
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